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Crise e Lava Jato geram demissões na construção




Como reflexo da crise econômica, que retraiu a procura por imóveis, e também por causa de respingos da Operação Lava Jato em empreiteiras de obras públicas, o setor da construção ampliou o desemprego no Grande ABC. Nos primeiros três meses do ano, as empresas do segmento já fecharam 3.591 vagas nos sete municípios, de acordo com dados divulgados pelo SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de São Paulo). O saldo (diferença entre contratações e demissões) nos 12 meses terminados em março é de 4.453 postos de trabalho a menos nessa área na região.

Parte dos problemas decorre de paradas em projetos de supostas envolvidas com o escândalo de corrupção na Petrobras, entre elas as empreiteiras OAS e Schahin, que pediram recuperação judicial. Investigada na Operação Lava Jato, a OAS é responsável pela construção do piscinão no Paço Municipal de São Bernardo. A empresa, endividada, diminuiu o ritmo dessa obra e demitiu 200 pessoas em janeiro. Já a Schahin parou construção de empreendimento residencial na cidade e demitiu 300 pessoas, segundo o Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil e Mobiliário de São Bernardo e Diadema.

Outra que entrou com recuperação judicial e também tem obras paralisadas é a são-bernardense Emparsanco, que está a cargo da canalização do Ribeirão dos Couros, em São Bernardo. A empresa alega que, diante das dificuldades do setor da construção civil, decidiu passar por processo de reestruturação para equacionar compromissos com credores.

São Bernardo é o município com maior saldo negativo no trimestre. Na cidade, foram fechadas 1.882 vagas na área nesse período. Em segundo lugar ficou Santo André, com 1.234 postos perdidos nos três meses iniciais, seguida por São Caetano, com 758 empregos a menos.

HABITAÇÃO – Na área habitacional, as demissões também têm relação com atrasos nos repasses de recursos do programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal, para as construtoras levantarem conjuntos habitacionais, segundo o diretor da regional do SindusCon-SP no Grande ABC, Sérgio Ferreira Santos. Procurado pelo Diário, o Ministério das Cidades informou que neste ano, até ontem, foram repassados aproximadamente R$ 5,5 bilhões para o pagamento de compromissos – aquisição de terreno, obras e trabalho social – decorrentes da contratação de unidades habitacionais no âmbito desse programa, no conjunto das modalidades que o compõem, em todo o País. Em 2014, ao todo, foram liberados R$ 17,4 bilhões.

Santos diz ainda que a inflação, a alta dos juros e os receios dos consumidores em relação ao futuro prejudicam. “As empresas estão segurando os lançamentos, o mercado não está comprando; as pessoas preferem guardar o dinheiro (a comprar um imóvel)”, assinala. Outro empresário do ramo, que é ex-diretor da entidade na região, Ricardo Di Folco também assinala as dificuldades do segmento. “Nos anos anteriores se produziu bastante e, agora, a economia ficou mais lenta, com a recessão e o desemprego”, assinala.

CAMPANHA – A piora no mercado de trabalho do setor deve atrapalhar a campanha salarial, diz o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil e do Mobiliário de São Caetano, José Maria Albuquerque. A data base da categoria, que conta com 45 mil empregados no Grande ABC, foi dia 1º de maio.

As negociações são realizadas pela Feticom (Federação dos Trabalhadores da Indústria da Construção), que representa 55 sindicatos no Estado, entre os quais os da região. “Estamos pedindo 15%; o patronato já chora, vai chorar ainda mais, mas estamos preparados”, cita Albuquerque. “A indústria da construção cresceu muito nos últimos anos”, ressalta o presidente da entidade da base de São Bernardo e Diadema, Admilson Lúcio Oliveira.

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